sexta-feira, abril 27, 2007
Desencantado encantamento.
Desiludida ilusão.
De amor, breve momento.
Desencontrada paixão.
Nos olhos, ficou saudade.
Na alma, profunda mágoa.
Nos lábios amarga verdade
Do riso desfeito em água...
Quantas lágrimas choradas
Nos silêncios do meu eu!...
Foram tristes, magoadas.
E hoje, que nada é meu,
Resisto. Ficam caladas
As palvras. Nada morreu
Rosa Calisto, 1986
quinta-feira, abril 26, 2007
Tanto mar
Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
E inda guardo, renitente
Um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto de jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim
Chico Buarque
Fiquei contente
E inda guardo, renitente
Um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto de jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim
Chico Buarque
Agradeço ao poetaeusou a amabilidade para com o ilhas do mar
Convido
www.bordadodemurmurios.blogspot.com
www.fernananda55.blogspot.com
www.casteletesempre.blogspot.com
Convido
www.bordadodemurmurios.blogspot.com
www.fernananda55.blogspot.com
www.casteletesempre.blogspot.com
www.paraiso_escondido.blogs.sapo.pt
Os autores dos blogs que nomeei devem copiar o selo correspondente e afixá-lo na barra lateral dos seus blogs. De seguida devem nomear os cinco blogs que escolheram e fazer um post a nomeá-los.
Obrigada
quarta-feira, abril 25, 2007
terça-feira, abril 24, 2007
segunda-feira, abril 23, 2007
Nas vésperas do 25 de Abril
Era um dia normal do mês de Abril, 24 de 1974, como de costume o nosso amigo vendeu-nos na clandestinidade mais um disco de vinil, um LP, guardo-o religiosamente, desta vez Luís Cilia.
Face B
1. Contra a ideia da violência a violência da ideia
à memória de Amilcar Cabral
Luís Cilia
Se vier a desaparecer amanhã nenhum
instante será perdido na marcha dos
nossos combatentes. Haverá sempre
dezenas, centenas de Cabral no nosso
país... Quanto aos colonialistas portu-
gueses, só a derrota os espera.
Último discurso de Amilcar Cabral antes do seu assassinato.
Luís Cília foi o primeiro cantor de intervenção que no exílio denunciou a guerra colonial e a falta de liberdade em Portugal. Gravando ininterruptamente a partir de 1964, realizou uma actividade musical, tanto discográfica como no que concerne à realização de recitais, tendo-se profissionalizado em 1967. Mas para além disso, Luís Cília, durante vários anos dedica-se ao estudo de harmonia e composição, o que é algo invulgar no universo dos cantores de intervenção. Esta formação musical fez de Luís Cília um dos mais respeitados compositores da actualidade, procurado pelas mais importantes instituições, nomeadamente desde que, nos anos 80, optou pela composição pura, o que aconteceu também, devido às muitas solicitações.
Eduardo Raposo, in Canto de Intervenção 1960-1974, Lisboa,2000, p. 74
Este texto foi "roubado" daqui
Face B
1. Contra a ideia da violência a violência da ideia
à memória de Amilcar Cabral
Luís Cilia
Se vier a desaparecer amanhã nenhum
instante será perdido na marcha dos
nossos combatentes. Haverá sempre
dezenas, centenas de Cabral no nosso
país... Quanto aos colonialistas portu-
gueses, só a derrota os espera.
Último discurso de Amilcar Cabral antes do seu assassinato.
Luís Cília foi o primeiro cantor de intervenção que no exílio denunciou a guerra colonial e a falta de liberdade em Portugal. Gravando ininterruptamente a partir de 1964, realizou uma actividade musical, tanto discográfica como no que concerne à realização de recitais, tendo-se profissionalizado em 1967. Mas para além disso, Luís Cília, durante vários anos dedica-se ao estudo de harmonia e composição, o que é algo invulgar no universo dos cantores de intervenção. Esta formação musical fez de Luís Cília um dos mais respeitados compositores da actualidade, procurado pelas mais importantes instituições, nomeadamente desde que, nos anos 80, optou pela composição pura, o que aconteceu também, devido às muitas solicitações.
Eduardo Raposo, in Canto de Intervenção 1960-1974, Lisboa,2000, p. 74
Este texto foi "roubado" daqui
domingo, abril 22, 2007
As ilhas desconhecidas
da minha janela (Prainha -ilha do Pico)
"Há aqui, sobre tudo, um tom que eu quero notar, porque nunca o vi assim em parte alguma: o cinzento graduado até ao infinito, o cinzento destes dias de sol e névoa misturados, que só pertence aos Açores, onde a terra toma todas as nuances do cinzento, desde o cinzento roxo ao cinzento cor de chumbo, com cinzentos claros mais afastados...
Raul Brandão
sábado, abril 21, 2007
POEMA AO DRAGOEIRO
POEMA AO DRAGOEIRO
DO CLAUSTRO
DO COLÉGIO DOS JESUÍTAS DE ANGRA
Dragoeiro velho
No claustro sem monge;
Gritavam por Santiago,
Vendiam sangue de drago,
Assim ganharam ao longe
Do Japão trouxeram as rosas
Contra mártires de sotaina
E coisas prodigiosas:
Agora mudam de faina,
Agora vendem as rosas.
Se a Minha teve resgate,
Nosso sangue nos custou.
Eu fui o sange dragado:
Uma fusta em Guzerate
Para sempre ma levou.
Dragoeiro velho
Como meu avô,
Também fui vermelho,
Ora já não sou.
Eu te guardo ao espelho,
Hoje sou teu dragão:
Dormirei na oblíqua
Rosa do Japão.
Árvore sagrada,
Já tudo mudou,
Que a rosa roubada
Nas ondas voltou.
24 de Setembro de 1966
Vitorino Nemésio, Sapateia Açoriana
DO CLAUSTRO
DO COLÉGIO DOS JESUÍTAS DE ANGRA
Dragoeiro velho
No claustro sem monge;
Gritavam por Santiago,
Vendiam sangue de drago,
Assim ganharam ao longe
Do Japão trouxeram as rosas
Contra mártires de sotaina
E coisas prodigiosas:
Agora mudam de faina,
Agora vendem as rosas.
Se a Minha teve resgate,
Nosso sangue nos custou.
Eu fui o sange dragado:
Uma fusta em Guzerate
Para sempre ma levou.
Dragoeiro velho
Como meu avô,
Também fui vermelho,
Ora já não sou.
Eu te guardo ao espelho,
Hoje sou teu dragão:
Dormirei na oblíqua
Rosa do Japão.
Árvore sagrada,
Já tudo mudou,
Que a rosa roubada
Nas ondas voltou.
24 de Setembro de 1966
Vitorino Nemésio, Sapateia Açoriana
sexta-feira, abril 20, 2007
quinta-feira, abril 12, 2007
segunda-feira, abril 09, 2007
sábado, abril 07, 2007
Vida de gato...
Gato que brincas na rua
Como se fosse na ama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
Fernando Pessoa
quinta-feira, abril 05, 2007
terça-feira, abril 03, 2007
Recantos da Baixa Coimbrã
Sob o Arco de Almedina entre o ditongo e o til
lá onde cheira a nardo e a jasmim
no interior dos pátios entre a cedilha e o trema
do outro lado da língua onde de súbito
o poema.
Sob o Arco de Almedina sob o Arco
entre azulelo e álgebra
lá onde mora aquela que não vem
sob o Arco de Almedina onde de súbito
ninguém.
Sol e sombra no canto e no silêncio
sob o Arco de Almedina onde o alaúde
canta um amor perdido entre salgueiro e barco.
Sob o Arco de Almedina. Sob
o Arco.
Manuel Alegre
segunda-feira, abril 02, 2007
Arlequim no Faial
Um navio encalhou no Faial, e dele caiu um contentor do Piccolo Teatro di Milano. Dois anos depois a companhia italiana foi aos Açores ver os destroços e… um documentário de José Medeiros. Nele conta-se uma história cheia de acasos e de encontros. O documentário passa hoje no Teatro Nacional D. Maria II, encerrando as comemorações do Dia Mundial do Teatro.
Jornal Expresso
Jornal Expresso