Ilhas do mar

quarta-feira, agosto 20, 2008

As ilhas afortunadas


AS ILHAS AFORTUNADAS

Que voz vem no som das ondas
Que não é a voz do mar?
É a voz de alguem que nos falla,
Mas que, se escutamos, cala,
Por ter havido escutar.
E só se, meio dormindo,
Sem saber de ouvir ouvimos,
Que ella nos diz a esperança
A que, como uma criança
Dormente, a dormir sorrimos.
São ilhas afortunadas,
São terras sem ter logar,
Onde o Rei mora esperando.
Mas, se vamos dispertando,
Cala a voz, e ha só o mar.
in Mensagem
Fernando Pessoa

segunda-feira, agosto 18, 2008

2º almoço de bloguistas da ilha do Pico




O cenário escolhido para o segundo almoço de bloguistas da ilha do Pico foi o porto da Areia Larga com a ilha do Faial ao fundo. Esperavamos mais "amigos"só que...acabaram por não aparecer.
Somos pioneiros e persistentes, para o ano seremos mais.

quarta-feira, agosto 13, 2008

Semana do Mar




Na semana do mar é assim... não estamos todos.
Há alguns anos que um grupo de antigos alunos do Liceu Nacional da Horta (finalistas 1967/1968), se reune num jantar convívio.


segunda-feira, agosto 04, 2008

Noite na ilha


Dormi contigo a noite inteira junto do mar, na ilha.
Selvagem e doce eras entre o prazer e o sono,
entre o fogo e a água.
Talvez bem tarde nossos

sonos se uniram na altura e no fundo,
em cima como ramos que um mesmo vento move,
embaixo como raízes vermelhas que se tocam.

Talvez teu sono se separou do meu e pelo mar escuro
me procurava como antes, quando nem existias,
quando sem te enxergar naveguei a teu lado
e teus olhos buscavam o que agora - pão,
vinho, amor e cólera - te dou, cheias as mãos,
porque tu és a taça que só esperava
os dons da minha vida.

Dormi junto contigo a noite inteira,
enquanto a escura terra gira com vivos e com mortos,
de repente desperto e no meio da sombra meu braço
rodeava tua cintura.

Nem a noite nem o sonho puderam separar-nos.
Dormi contigo, amor, despertei, e tua boca
saída de teu sono me deu o sabor da terra,
de água-marinha, de algas, de tua íntima vida,
e recebi teu beijo molhado pela aurora
como se me chegasse do mar que nos rodeia.

Pablo Neruda