As ilhas afortunadas
Que voz vem no som das ondas
Que não é a voz do mar?
É a voz de alguem que nos falla,
Mas que, se escutamos, cala,
Por ter havido escutar.
E só se, meio dormindo,
Sem saber de ouvir ouvimos,
Que ella nos diz a esperança
A que, como uma criança
Dormente, a dormir sorrimos.
São ilhas afortunadas,
São terras sem ter logar,
Onde o Rei mora esperando.
Mas, se vamos dispertando,
Cala a voz, e ha só o mar.
in Mensagem
Fernando Pessoa
7 Comments:
São afortunadas as ilhas e tu, com todas essas águas e rochas a teus pés...
Obrigada, pelo poema e pela foto.
Beijinhos, Nanda
By Maria, at 11:55 da tarde
gostei do poema tanto mais que a tradução literal de macaronésia é também ilhas afortunadas a que nós na realidade pertencemos.
By Carlos Faria, at 11:25 da tarde
Uma rosa breve
Uma hortênsia de alva cor
A terra molhada pelo sereno
Nos celeste paira um Açor
A madeira verde, a dança do fogo
O embalo do loureiro no vento, o alecrim
Um ribeiro de inquietas águas
Levam o perfume das mágoas em viagem sem fim
Convido-te a sentir a minha paleta de aromas
Mágico beijo
By O Profeta, at 5:57 da tarde
Olá Fernanda!
Lindo poema!
Na Mensagem, de Fernando Pessoa,
as Ilhas Afortunadas são uma lenda medieval. O nome (afortunadas) pode estar associado a ilhas maravilhosas que teriam existência real e que chegavam estar indicadas nos mapas náuticos. Outras vezes, referiam-se a ilhas que podiam ser vistas pelos mareantes, mas nunca alcançadas. E,ainda, a lenda pode ter sido sugerida por fenónemos atmosféricos que provocavam miragens, de terras inexistentes, no meio do mar.
As Ilhas de Bruma são de facto afortunadas...
Beijinhos,
Graça Mello
By Mello, at 10:16 da manhã
"Afortunados" são também todos aqueles, como nós, que as vivem, sentem, apreciam e amam.
Sem qualquer dúvida.
By Anónimo, at 1:45 da manhã
Não há descrição possivel para escrever sobre os Açores. São ilhas diferentes e todas duma beleza extrema. Felizmente sou um dos poucos afortunados que conhece todo o arquipélago.
By João Videira Santos, at 12:51 da manhã
Fernanda!
Assim que li esse lindo poema, que fala desse que tanta saudade tenho, o MAR!
Não pude deixar de lembrar outro desse grande poeta
MAR PORTUGUÊS
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa
Sem dúvida voltarei, foi uma delícia encontrar, você, dessas Ilhas do Mar.
Abraço Carinhoso,
Hay
By Unknown, at 4:58 da tarde
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