Ilhas do mar

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Romance de Dubrovnik


São estas casas de cinza
De cinza petrificada
É como se aqui a vida
tivesse jogado às cartas
e só a morte saíra
ganhando em cada jogada
É esta rua comprida
mas que se chama Platza
(embora em eslava grafia
se escreva apenas Placa)
e que na Ragusa antiga
já dois mundos separava
De um lado terra latina
e do outro terra bárbara
São as verdes gelosias
são as muralhas douradas
a segredarem que a vida
se inda quisesse ganhava
É agora ao meio-dia
a Porta Pile empilhada
E são cachos de turistas
trepando pelas muralhas
tirando fotografias
contudo não vendo nada
São fileiras de boutiques
São cafés sob as arcadas
É tudo a fingir que a vida
não se dá por derrotada
É no porto a maresia
quando mais avança a tarde
incrustada em cada esquina
suspensa de cada iate
Mas das naves bizantinas
é que ela sente saudades
e das galeras esguias
que Veneza lhe enviava
se bem que tal nostalgia
inda hoje a sobressalte
Nenhum sabor tem a vida
se a morte a não acicata
E são argolas vazias
as que há no porto à entrada
e de onde outrora pendiam
correntes sempre de guarda
Quem aliás adivinha
as marítimas estradas
que deste porto saíam
que neste nó se cruzavam
Com certeza agora vivem
na tinta azul de outros mapas
Ou permanecem cativas
Ou ficaram bloqueadas
São em redor tantas ilhas
tanta rocha tanta escarpa
tantas flutuantes ravinas
Mas quando a noite se abate
não são mais do que faíscas
no mar de prata lavrada
E já a Lua surgia
na sua rica dalmática
Nem mais a preceito vinha
do que no céu da Dalmácia
Será que o fulgor da vida
vem da morte iluminada
Subo ao monte Zarkovica
(Na língua serbo-croata
deve ler-se Djarkovitza)
e à sombra desta latada
bebo um copo de mastika
olho de novo a cidade
Ó memória empedernida
de uma divina morada
Ó ferradura de cinza
de algum cavalo com asas
Ó mediterrânea figa
mais propriamente adriática
que foi feita por Posídon
e no litoral deixada
O que a morte à vida ensina
através dos deuses passa
Mas não é só nas ruínas
que fica a sua pegada


David Mourão-Ferreira, in "Obra Poética 1948-1988"

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Certezas precisam-se

Preciso urgentemente de adquirir meia dúzia de valores absolutos,
inexpugnáveis e impenetráveis,
firmes e surdos como rochedos.

Preciso urgentemente de adquirir certezas,
certezas inabaláveis, imensas certezas, montes de certezas,
certezas a propósito de tudo e de nada,
afirmadas com autoridade, em voz alta para que todos oiçam,
com desassombro, com ênfase, com dignidade,
acompanhadas de perfurantes censuras no olhar carregado, oblíquo.

Preciso urgentemente de ter razão,
de ter imensas razões, montes de razões,
de eu próprio me instituir em razão.
Ser razão!
Dar um soco furibundo e convicto no tampo da mesa
e espadanar razões nas ventas da assistência.

Preciso urgentemente de ter convicções profundas,
argumentos decisivos,
ideias feitas à altura das circunstâncias.
Preciso de correr convictamente ao encontro de qualquer coisa,
de gritar, de berrar, de ter apoplexias sagradas
em defesa dessa coisa.
Preciso de considerar imbecis todos os que tiverem opiniões diferentes

da minha,
de os mandar, sem rebuço, para o diabo que os carregue,
de os prejudicar, sem remorsos, de todas as maneiras possíveis,
de lhes tapar a boca,
de lhes cortar as frases no meio,
de lhes virar as costas ostensivamente.
Preciso de ter amigos da mesma cor, caras unhacas,
que me dêem palmadinhas nas costas,
que me chamem pá e me façam brindes
em almoços de camaradagem.
Preciso de me acocorar à volta da mesa do café,
e resolver os problemas sociais
entre ruidosos alívios de expectoração.
Preciso de encher o peito e cantar loas,
e enrouquecer a dar vivas,
de atirar o chapéu ao ar,
de saber de cor as frequências dos emissores.
O que tudo são símbolos e sinais de certezas.
Certezas!
Imensas certezas! Montes de certezas!
Pirinéus, Urais, Himalaias de certezas!


Rómulo de Carvalho

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

200º aniversário de Darwin


Charles Darwin foi um notável cientista do Séc. XIX (1809 - 1882), autor da teoria da evolução das espécies através da selecção natural. Dê uma breve espreitadela à vida de um homem que mudou a forma de vermos a Natureza.
Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adaptar às mudanças.
Charles Darwin

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Visita de estudo ao Observatório Meteorológico Príncipe Alberto de Mónaco

O grupo
Observação atenta
Será que estão a magicar nova actividade?
Não quer ser vista
Estão mesmo interessados




O estado do tempo não estava de feição. Vento sul, com rajadas e precipitação relativamente fraca . Mesmo assim, a professora e os alunos da disciplina de Geografia A, do 10º F, da Escola Secundária Manuel de Arriaga, arrojaram-se e caminharam como determinado, para dar cumprimento a um dos projectos, do Plano Anual de Activadades, da disciplina de Geografia.
Mostraram-se participativos e interessados. Se não fosse a Física e a Matemática, alguns gostariam de trabalhar num Observatório Meteorológico.
Queremos agradecer aos funcionários, daquele serviço, a disponibilidade e a atenção que nos dispensaram, sobretudo à funcionária Olivia Branco.
Sair da sala de aula, observar e participar directamente na pesquisa é uma das estratégias importantes para a promoção do conhecimento e para a sociabilização.





















sábado, fevereiro 07, 2009

Ao cair da tarde


Magnólia


Estas flores, de rara beleza, começaram a desabrochar e a exalar o seu perfume.
Gosto muito de magnólias ! Ofereço aos amigos que me acompanham, por aqui.
Bom fim de semana.