domingo, junho 21, 2009
O Homem e o Mar
Homem livre, o oceano é um espelho fulgente
Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado,
Como em puro cristal, contemplas, retratado,
Teu íntimo sentir, teu coração ardente.
Gostas de te banhar na tua própria imagem.
Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos
Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
As queixas que ele diz em mística linguagem.
Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;
Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos,
Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos;
Os segredos guardais, avaros, receosos!
E há séculos mil, séc'ulos inumeráveis,
Que os dois vos combateis n'uma luta selvagem,
De tal modo gostais n'uma luta selvagem,
Eternos lutador's ó irmãos implacáveis!
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães
Obtido em Wikisource
Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado,
Como em puro cristal, contemplas, retratado,
Teu íntimo sentir, teu coração ardente.
Gostas de te banhar na tua própria imagem.
Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos
Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
As queixas que ele diz em mística linguagem.
Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;
Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos,
Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos;
Os segredos guardais, avaros, receosos!
E há séculos mil, séc'ulos inumeráveis,
Que os dois vos combateis n'uma luta selvagem,
De tal modo gostais n'uma luta selvagem,
Eternos lutador's ó irmãos implacáveis!
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães
Obtido em Wikisource
sábado, junho 20, 2009
quinta-feira, junho 18, 2009
sexta-feira, junho 05, 2009
A secreta viagem
No barco sem ninguém ,anónimo e vazio,
ficámos nós os dois ,parados ,de mão dada ...
Como podem só os dois governar um navio?
Melhor é desistir e não fazermos nada!
Sem um gesto sequer, de súbito esculpidos,
tornamo-nos reais,e de maneira,à proa...
Que figuras de lenda!Olhos vagos,perdidos...
Por entre nossas mâos , o verde mar se escoa...
Aparentes senhores de um barco abandonado,
nós olhamos,sem ver,a longínqua miragem...
Aonde iremos ter?- Com frutos e pecado,
se justifica, enflora, a secreta viagem!
Agora sei que és tu quem me fora indicada.
O resto passa ,passa...alheio aos meus sentidos.
-Desfeitos num rochedo ou salvos na ensseada,
a eternidade é nossa ,em madeira esculpidos!
David Mourão Ferreira
ficámos nós os dois ,parados ,de mão dada ...
Como podem só os dois governar um navio?
Melhor é desistir e não fazermos nada!
Sem um gesto sequer, de súbito esculpidos,
tornamo-nos reais,e de maneira,à proa...
Que figuras de lenda!Olhos vagos,perdidos...
Por entre nossas mâos , o verde mar se escoa...
Aparentes senhores de um barco abandonado,
nós olhamos,sem ver,a longínqua miragem...
Aonde iremos ter?- Com frutos e pecado,
se justifica, enflora, a secreta viagem!
Agora sei que és tu quem me fora indicada.
O resto passa ,passa...alheio aos meus sentidos.
-Desfeitos num rochedo ou salvos na ensseada,
a eternidade é nossa ,em madeira esculpidos!
David Mourão Ferreira
terça-feira, junho 02, 2009
Olhando o mar, sonho sem ter de quê
Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?
Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos.
As árvores longínquas da floresta
Parecem, por longínquas, 'star em festa.
Quanto acontece porque se não vê!
Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.
Se tive amores? Já não sei se os tive.
Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
Bebe, que tudo é líquido e embriaga,
E a vida morre enquanto o ser revive.
Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser
Motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas. Porque não colhê-las
Se te agrada e tudo é deixar de o haver?
Fernando Pessoa
Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?
Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos.
As árvores longínquas da floresta
Parecem, por longínquas, 'star em festa.
Quanto acontece porque se não vê!
Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.
Se tive amores? Já não sei se os tive.
Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
Bebe, que tudo é líquido e embriaga,
E a vida morre enquanto o ser revive.
Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser
Motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas. Porque não colhê-las
Se te agrada e tudo é deixar de o haver?
Fernando Pessoa
segunda-feira, junho 01, 2009
O POETA PEDE AO SEU AMOR
Amor de minhas entranhas, morte viva,
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal. A pedra inerte
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.
Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de kordiscos e açucenas.
Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.
( tradução: William Agel de Melo )
Garcia Lorca
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal. A pedra inerte
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.
Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de kordiscos e açucenas.
Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.
( tradução: William Agel de Melo )
Garcia Lorca
Autonomia Açoriana

Dia dos Açores: símbolo da açorianidade e autonomia
O Dia dos Açores foi instituído pelo Parlamento Açoriano em 1980 (Decreto Regional n.º 13/80/A, de 21 de Agosto), destinado a comemorar a açorianidade e a autonomia. A escolha da segunda-feira do Espírito Santo (também conhecida por Dia do Bodo ou Dia da Pombinha), isto é, a segunda-feira imediatamente após a festa religiosa do Pentecostes, alicerça-se no facto de a comemoração do Espírito constituir a principal festividade do povo açoriano.O parlamento açoriano entendeu justo consagrá-lo legalmente como “afirmação da identidade dos açorianos, da sua filosofia de vida e da sua unidade, base e justificação da autonomia política que lhes foi reconhecida e que orgulhosamente exercitam” (preâmbulo do Decreto Regional n.º 13/80, de 21 de Agosto).A Assembleia Regional dos Açores e o Governo Regional celebram este ano o Dia dos Açores junto da comunidade açoriana em Toronto. “Porque os Açores somos todos nós” é o slogan das comemorações do Dia dos Açores 2009 representado por um Açor com 10 estrelas, simbolizando as 9 ilhas e a diáspora, e com o símbolo da coroa do Espírito Santo. Amanhã realiza-se a Cerimónia Oficial do Dia dos Açores. Durante a sessão solene serão agraciadas com insígnias regionais de mérito diversas personalidades e instituições da região. As celebrações incluem ainda, entre outros eventos, um festival de rua, sopas do Espírito Santo, um espectáculo de variedades e um jantar na casa dos Açores de Ontário, para o qual estão inscritas mais de trezentas pessoas.“A atribuição das insígnias honoríficas açorianas, para além de representar o reconhecimento público para com os cidadãos ou instituições que, ao longo dos anos, contribuíram de forma expressiva para consolidar a identidade histórica, cultural e política do povo açoriano, pretende também, de forma simbólica, estimular a continuidade e emergência de feitos, méritos e virtudes com especial relevo na construção do património insular”, conforme consta na resolução da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.
Serão atribuídas as seguintes distinções:
Insígnia Autonómica de Valor: Fernando Manuel Machado Menezes
Insígnia Autonómica de Reconhecimento: António Manuel Bettencourt Machado Pires; Carlos Henrique da Costa Neves; Dennis Cardoza; Devin Gerald Nunes; Jim Costa; José Manuel Medeiros Ferreira; Mário Jorge de Paiva Silva; Vasco Manuel Verdasca da Silva Garcia
Insígnia Autonómica de Mérito Cívico: Eugénio Coelho Rita; João Manuel de Melo Pacheco; Jorge Eduardo Braga Vicente; José Lima do Amaral Mendonça; Maria Leónia Fagundes Pereira; Banda Militar dos Açores; Casa dos Açores de Winnipeg; Casa dos Açores de Ontário; Casa dos Açores do Quebeque; Fayal Sport Club.
Insígnia Autonómica de Mérito Profissional: António Manuel da Silva Melo; Elvino Silveira de Sousa; Frank Fontes Sousa; Irene Maria Ferreira Blayer; José Carlos Moniz Teixeira; José Francisco Rodrigues Costa; Onésimo Teotónio Pereira de Almeida.
Insígnia Autonómica de Mérito Industrial, Comercial e Agrícola: Carlos Pacheco Andrade; David Nicodémio Tavares; Francisco Alves do Carmo Pessanha;Gilberto Mariano da Silva; Cofaco Açores-Indústria de Conservas, S.A.; Sociedade Corretora, Lda.
Insígnia Autonómica: Conceição Castro Ramos; José Carreiro de Almeida; Luís António Vieira de Brito de Azevedo.