Ilhas do mar

sábado, janeiro 20, 2007

Homenagem a Fiama Hasse Pais Brandão

Urbanização

Tudo o que vivêramos
um dia fundiu-se
com o estava
a ser vivido.
Não na memória
mas no puro espaço
dos cinco sentidos.
Havíamos estado no mundo, raso,
um campo vazio de tojo seco.
Depois, alguém
urbanizou o vazio,
e havia casas e habitantes
sobre o tojo. E eu,
que estivera sempre presente,
vi a dupla configuração de um campo,
ou a sós em silêncio
ou narrando esse meu ver.
Na névoa, a cidade, ébria
oscila, tomba.
Informes, as casas
perdem o lugar e o dia.
Cravadas no nada,
as paredes são menires,
pedras antigas vagas
sem princípio, sem fim.


A Literatura Portuguesa está mais pobre com a sua "partida"

Saiba mais sobre ela aqui e aqui

5 Comments:

  • O luar eterniza-se como fundo
    deste pensamento acerca das formas.
    É uma pequena cabeça de formiga,
    tão negra que a agradeço aos mestres clássicos
    pelo negrume descrito nas cosmogonias.
    in) Fiama Brandão

    By Blogger poetaeusou . . ., at 7:42 da tarde  

  • E como sempre, como disse Eduardo Lourenço, agora vão muitos lê-la...e dizer que é fantástica...

    By Anonymous Anónimo, at 12:40 da manhã  

  • Lindo.
    Desconhecia. Obrigado por me o teres dado a conhecer.

    Nesta semana andaste a semear poesia?

    Bom fim de semana.

    By Blogger Desambientado, at 2:41 da tarde  

  • Maria Fernanda:
    Hoje apesar de ser quinta-feira de amigos não quero deixar passar este dia sem te mandar um beijinho.
    Até quinta-feira.

    By Anonymous Anónimo, at 9:42 da tarde  

  • Um abraço a todos os amigos.

    Obrigada

    Bjs

    By Blogger Maria Silva, at 11:13 da tarde  

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