Ilhas do mar

quinta-feira, janeiro 18, 2007

A Concha


A minha casa é concha. Como os bichos
Segreguei-a de mim com paciência:
Fechada de marés, a sonhos e a lixos,
O horto e os muros só areia e ausência.

Minha casa sou eu e os meus caprichos,
O orgulho carregado de inocência
se às vezes dá uma varanda, vence-a
o sal que os santos esborou nos nichos.

E a telhadosa de vidro, e escadarias
Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!
Lareira aberta pelo vento, as salas frias.

A minha casa... Mas é outra a história:
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,
sentado numa pedra de memória.

Vitorino Nemésio

saiba mais


1 Comments:

  • O OVO
    Mas queria, mais que mar, bater
    Ainda as praias carregadas
    De passos, conchas e do haver
    Das aves livres lá pousadas
    Que já não posso recolher.
    E um ovo,
    Nada mais que um ovo,
    Num punhado de pó, entre juncais,
    Que desse vida, penas, povo
    Para as paragens e arcais.
    in) Vitorino Nemésio

    By Anonymous Anónimo, at 7:47 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home