Ilhas do mar

quarta-feira, setembro 19, 2007

A montanha pulverizada

Chego à sacada e vejo a minha serra,

a serra de meu pai e meu avô,

de todos os Andrades que passaram

e passarão, a serra que não passa.



Era coisa dos índios e a tomamos

para enfeitar e presidir a vida

neste vale soturno onde a riqueza

maior é a sua vista a cotemplá-la.



De longe nos revela o perfil grave.

A cada volta de caminho aponta

uma forma de ser, em ferro, eterna,

e sopra eternidade na fluência.



Esta manhã acordo e

não a encontro.

Britada em bilhões de lascas

deslizando em correia transportadora

entupindo 150 vagões

no trem-monstro de 5 locomotivas

- trem maior do mundo, tomem nota -

foge minha serra, vai

deixando no meu corpo a paisagem

mísero pó de ferro, e este não passa.



Carrlos Drummond de Andrade

saiba mais aqui

2 Comments:

  • *
    O criador
    *
    A m�o de meu irm�o
    desenha um jardim
    e ele surge da pedra.
    H� uma estrela no p�tio.
    Uma estrela de rosa e de ger�nio.
    Mas seu perfume
    n�o me encanta a mim.
    O que respiro
    � a gl�ria de meu mano.
    ,
    in) Drummond de Andrade
    *

    By Blogger poetaeusou . . ., at 5:02 da tarde  

  • qual nome desta estrada de ferro

    By Anonymous Anónimo, at 12:07 da manhã  

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