Ilhas do mar

sábado, setembro 01, 2007

Estátua Falsa

Só de oiro falso os meus olhos se douram;
Sou esfinge sem mistério no poente.
A tristeza das coisas que não foram
Na minh'alma desceu veladamente.

Na minha dor quebram-se espadas de ânsia,
Gomos de luz em trevas se misturam.
As sombras que eu dinamo não perduram,
Como Ontem, para mim, Hoje é distância.

Já não estremeço em face do segredo;
Nada me aloira já, nada me aterrra:
A vida corre sobre mim em guerra,
E nem sequer um arrepio de medo!

Sou estrela ébria que perdeu os céus,
Sereia louca que deixou o mar;
Sou templo prestes a ruir sem deus,
Estátua falsa ainda erguida no ar...

Mário de Sá Carneiro

1 Comments:

  • *
    Fim
    Quando eu morrer batam em latas,
    Rompam aos saltos e aos pinotes,
    Façam estalar no ar chicotes,
    Chamem palhaços e acrobatas!
    Que o meu caixão vá sobre um burro
    Ajaezado à andaluza...
    A um morto nada se recusa,
    Eu quero por força ir de burro.
    ,
    in) mário de sá carneiro
    ,
    maresias de iodo
    *

    By Blogger poetaeusou . . ., at 5:11 da tarde  

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