Ilhas do mar

sábado, setembro 08, 2007

Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do sol me não constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.

Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!


Depois, podes partir. Só te aconselho
que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençois o lume do teu peito...

Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso.

David Mourão-Ferreira, in "Infinito Pessoal" (1952-1962)

3 Comments:

  • Lindo o teu poema. uma bela escolha.
    Adorei!!!!!!!!!!!!!
    Beijinhos com sabor a mar.
    Fernandinha

    By Blogger FERNANDINHA & POEMAS, at 2:37 da tarde  

  • "Deixa ficar comigo a madrugada"
    e ouve as cagarras a cantar
    No meu peito não há mais nada
    Senão um coração para te amar.
    POETANASHORASVAGAS

    By Anonymous Anónimo, at 5:28 da tarde  

  • Can�o Amarga
    Que importa o gesto n�o ser bem
    o gesto gr�cil que terias?
    - Importa amar, sem ver a quem...
    Ser mau ou bom, conforme os dias.
    Agora, tu s� entrevista,
    quantas imagens me trouxeste!
    Mas � preciso que eu resista
    e n�o acorde um sonho agreste.
    Que passes tu! Por mim, bem sei
    que hei-de aceitar o que vier,
    pois tarde ou cedo deverei
    de sonho e pasmo apodrecer.
    Que importa o gesto n�o ser bem
    o gesto gr�cil que terias?
    - Importa amar, sem ver a quem...
    Ser infeliz, todos os dias!
    ,
    in) david mour�o ferreira
    *
    xi
    *

    By Blogger poetaeusou . . ., at 8:13 da tarde  

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