Cantiga de Amigo
Há trinta e dois anos, véspera do 25 de Abril, comprava na clandestinidade, em Coimbra, o LP "contra a ideia da violência a violência da ideia" de Luis Cilia, editado em França, onde ele se encontrava no exílio.
Na face A, faixa três, ouve-se pela voz de luis cilia este poema de J.C. Ary dos Santos
Nem um poema nem um verso nem um canto
tudo raso de ausência tudo liso de espanto
e nem Camões Virgílio Shelley Dante
- o meu amigo está longe
e a distância é bastante.
Nem um som nem um grito nem um ai
tudo calado todos sem mãe nem pai
Ah não Camões Virgílio Shelley Dante
- o meu amigo está longe
e a tristeza é bastante.
Nada a não ser este silêncio tenso
que faz do amor sózinho o amor imenso
Calai Camões Virgílio Shelley Dante
- o meu amigo está longe
e a saudade é bastante
Na face A, faixa três, ouve-se pela voz de luis cilia este poema de J.C. Ary dos Santos
Nem um poema nem um verso nem um canto
tudo raso de ausência tudo liso de espanto
e nem Camões Virgílio Shelley Dante
- o meu amigo está longe
e a distância é bastante.
Nem um som nem um grito nem um ai
tudo calado todos sem mãe nem pai
Ah não Camões Virgílio Shelley Dante
- o meu amigo está longe
e a tristeza é bastante.
Nada a não ser este silêncio tenso
que faz do amor sózinho o amor imenso
Calai Camões Virgílio Shelley Dante
- o meu amigo está longe
e a saudade é bastante
4 Comments:
Temos muitas familiaridades...
Ler tuas compras na 'clandestinidade'me fez lembrar das muitas trocas que fazíamos aqui, de livros, discos e tantas coisas...
Hoje quando lembro, não posso deixar de sorrir - apesar dos pesares - ao lembrar de fatos e do quanto o sistema ditador é burro!!! Retirávamos as capas dos livros; retirávamos os selos dos discos; criamos uma nova linguagem para comunicação (meu irmão até hoje fala e escreve em "Zenite Polar" que é muito simples e muito complicado de ser lido, por ser uma espécie de código de letras...) e tudo rodava de um lado para outro e a informção mesmo vetada ou truncada, ainda assim chegava ao seu destino...
Quanta estupidez...
Quantas perdas...
Que tenham ficado os ensinamentos...
Beijos!!!
ò,ó
By Lâmina d'Água & Silêncio, at 12:00 da tarde
Conseguiamos ter os livros, os discos,ouvir a rádio clandestina (Argel). Aditadura era dura, nós também.
By Maria Silva, at 1:17 da tarde
Tive a sorte de nascer dois anos depois da Revolução, mas, ao ouvir as conversas dos meus pais hoje ao almoço, foi-me recordado mais uma vez o verdadeiro significado de festejarmos (ainda que pouco) o 25 de Abril. E as tuas palavras acabaram de também contribuir para este sentimento que (felizmente) nunca me larga. Obrigado!
By Nuno Guronsan, at 5:04 da tarde
Ainda bem Nuno.
By Maria Silva, at 9:43 da tarde
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