Composição
E é sempre a chuva
nos desertos sem guarda-chuva,
e a cicatriz, percebe-se, no muro nu.
E são dissolvidos fragmentos de estuque
e o pó das demolições de tudo
que atravanca o disforme país futuro.
Débil, nas ramas, o socorro do imbu.
Pinga, no desarvorado campo nu.
Onde vivemos é água. O sono, úmido,
em urnas desoladas. Já se entornam,
fungidas, na corrente, as coisas caras
que eram pura delícia, hoje carvão.
O mais é barro, sem esperança de escultura.
Carlos Drummond de Andrade
nos desertos sem guarda-chuva,
e a cicatriz, percebe-se, no muro nu.
E são dissolvidos fragmentos de estuque
e o pó das demolições de tudo
que atravanca o disforme país futuro.
Débil, nas ramas, o socorro do imbu.
Pinga, no desarvorado campo nu.
Onde vivemos é água. O sono, úmido,
em urnas desoladas. Já se entornam,
fungidas, na corrente, as coisas caras
que eram pura delícia, hoje carvão.
O mais é barro, sem esperança de escultura.
Carlos Drummond de Andrade
3 Comments:
Uma bela mensagem para o ano Internacional dos Desertos e da Desertificação. Uma realidade dura em que poucos são aqueles que estão dispostos a admiti-la.
By Fátima Silva, at 12:10 da manhã
100% de acordo com a Fátima.
Mais uma vez pertinência e bom gosto.
By Desambientado, at 10:46 da manhã
Fazer algo pelo Planeta e pela Humanidade é pertinente, não só com palavras mas, com acções. Eu tento todos os dias, muitas vezes sem sucesso...
By Maria Silva, at 4:23 da tarde
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