Ilhas do mar

terça-feira, maio 29, 2007

Gaivota


Gaivota

Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.

Que perfeito coração
no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.
(Alexandre O'Neill)

4 Comments:

  • Adoro este poema de O'Neill.

    By Blogger Paula Raposo, at 7:23 da tarde  

  • Não tu és da cidade aventureira
    da cidade onde o amor encontra as suas ruas
    e o cemitério ardente
    da sua morte
    tu és da cidade onde vives por um fio
    de puro acaso
    onde morres ou vives não de asfixia
    mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
    sem a moeda falsa do bem e do mal
    /
    in) O'Neill
    /
    um adeus portugues
    /
    ji
    /

    By Blogger poetaeusou . . ., at 9:30 da tarde  

  • «Não sei de que cor é essa linha
    onde se cruza a lua e a mastreação
    mas sei que em cada rua há uma esquina
    uma abertura entre a rotina e a maravilha
    há uma hora de fogo para o azul
    a hora em que te encontro e não te encontro»

    Do Manuel Alegre

    By Anonymous Anónimo, at 8:40 da manhã  

  • Gaivota da tempestade
    Porque tens a crueldade
    de voar sobre o meu peito
    anuncias temporal
    e para mim é fatal
    ver o meu sonho desfeito....

    By Blogger Maria, at 3:37 da manhã  

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