Ilhas do mar

domingo, novembro 27, 2005

baleia à vista



pressenti-la era já fruir da tempestade.

o romance começava no gesto perfeito
como o fernando do almada
sustenta eternamente o cigarro.

não darei o foguete da minha vigia secreta.
prefiro vê-la passar ingénua e passiva
como um anjo antigo.

o meu delírio arriba à pequenez do monstro
- tão grande é a casa do seu abismo.

escrevo-o com a paixão de sempre:
um verso de espuma uma alegria líquida.
pontuo a ternura com alguns peixes menores
dela faço a pausa precisa a vírgula
maior na grafia do mar.

casaremos na igreja.
vou cobri-la de corais e de beijos.


Álamo de Oliveira