Ilhas do mar

sexta-feira, junho 27, 2008

Poema do afinal



Poema do afinal
No mesmo instante em que eu, aqui e agora,
Limpo o suor e fujo ao Sol ardente,
Outros, outros como eu, além e agora,
Estremecem de frio e em roupas se agasalham.
Enquanto o Sol assoma, aqui, no horizonte,
E as aves cantam e as flores em cores se exaltam,
Além, no mesmo instante, o mesmo Sol se esconde,
As aves emudecem e as flores cerram as pétalas.
Enquanto eu me levanto e aqui começo o dia,
Outros, no mesmo instante, exactamente o acabam.
Eu trabalho, eles dormem; eu durmo, eles trabalham.
Sempre no mesmo instante.
Aqui é Primavera. Além é Verão.
Mais além é Outono. Além, Inverno.
E nos relógios igualmente certos,
Aqui e agora,
O meu marca meio-dia e o de além meia-noite.
Olho o céu e contemplo as estrelas que fulgem.
Busco as constelações, balbucio os seus nomes.
Nasci a olhá-las, conheço-as uma a uma.
São sempre as mesmas, aqui, agora e sempre.
Mas além, mais além, o céu é outro,
Outras são as estrelas, reunidas
Noutras constelações.
Eu nunca vi as deles;
Eles,
Nunca viram as minhas.
A Natureza separa-nos.
E as naturezas.
A cor da pele, a altura, a envergadura,
As mãos, os pés, as bocas, os narizes,
A maneira de olhar, o modo de sorrir,
Os tiques, as manias, as línguas, as certezas.
Tudo.
Afinal
Que haverá de comum entre nós?
Um ponto, no infinito.


António Gedeão
Poemas EscolhidosLisboa, Sá da Costa, 2001

quarta-feira, junho 25, 2008

Ibondeiro

S.Tomé e Príncipe


segunda-feira, junho 16, 2008

Veja a diferença...

Zona de acesso a Paisagem Protegida, junto a um parque de contentores

Zona de Turismo em Espaço Rural

O impacte visual pode ser minorado com pouco investimento, é necessário que a sensibilidade e a sensatez impere.
Na primeira situação, houve o cuidado de colocar os cabos eléctricos subterrâneos e de escolher candeeiros.
Ma segunda situação, não houve cuidado em esconder os cabos eléctricos e os postes de iluminação ou, são de cimento ou, de madeira (o que havia sem esforço).
Senhores Autarcas, é preciso a vossa contribuição. Afinal, o esforço é de todos.

sexta-feira, junho 13, 2008

Tenho de partilhar

Homenagem ao Poeta

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

quarta-feira, junho 11, 2008

Mirante






Travessa do Mirante e Mirante da Conceição é uma construção do séc. XV/séc. XVII
Desde o sismo de 98, que o Miradouro do Mirante, se encontra degradado e até perigoso para quem se aproxime. É procurado por turistas e estrangeiros, é um ex-libris da freguesia da Conceição, cidade da Horta.
Com alguma sensibilidade e sem grandes investimentos é possível "restaurar" este espaço e colocá-lo nos roteiros.
Afinal, não queremos turismo!?

DESCRIÇÃO: Mirante voltado para a Ribeira da Conceição, formado por um espaço rectangular rodeado por muros e bancos em alvenaria de pedra, com acessos calcetados e murados que o ligam, por um lado, à Ribeira da Conceição e, por outro, à Travessa do Mirante, que fica no enfiamento da Torre do Relógio.A Travessa do Mirante é uma estreita via, também calcetada, ladeada por muros altos, em pedra, num dos quais se insere uma porta com um lintel de desenho tardo-gótico ("manuelino").
ELEMENTOS NOTÁVEIS: Lintel de desenho tardo-gótico ("manuelino").
ESTADO DE CONSERVAÇÃO: Mau
FUNÇÃO INICIAL: Mirante e acessos
FUNÇÃO ACTUAL: Mirante e acessos
BIBLIOGRAFIA E DOCUMENTAÇÃO DE REFERÊNCIA: Ficha 98 "Edifícios e Elementos de Qualidade - Plano de Urbanização da Cidade da Horta"; Ficha 1 "'Sítios' ou Conjuntos Urbanos de Qualidade - Plano de Urbanização da Cidade da Horta"
OBSERVAÇÕES: Esta espécie foi danificada pelo sismo de 9.7.98.
DATA DE LEVANTAMENTO: 1999-02-02
Fonte: Inventário do Património Imóvel dos Açores

terça-feira, junho 10, 2008

Homenagem ao Poeta

MUDAM-SE OS TEMPOS...


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, enfim, converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões

quinta-feira, junho 05, 2008

Dia Mundial do Meio Ambiente

quarta-feira, junho 04, 2008

Queixa das almas jovens censuradas

segunda-feira, junho 02, 2008

É Proibido

É Proibido

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

Pablo Neruda