Ilhas do mar

terça-feira, janeiro 24, 2006

Para quando a reedificação...reabilitação...ou...




Convento de S. Pedro de Alcântara e Igreja - São Roque do Pico

domingo, janeiro 22, 2006

ODE À PAZ

Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjurom ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
deixa passar a Vida !


Natália Correia

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Insatisfação

Estende o mar o seu manto de cetim
No corpo das areias conquistadas;
Esbraseia o Sol em rútilo festim
Sobre o coro das ondas revoltadas!

Ensaia o vento em límpido clarim
A louca sinfonia das rajadas,
E a vastidão do mar é um jardim,
Com lendas e quimeras semeadas.

Lateja a terra desgrenhada e quente,
Mostrando aos Céus o corpo feiticeiro
Num lúbrico impudor irreverente.

Que maldição terrível e sem par,
Não ter os braços para o céu inteiro,
E não ter olhos para todo o mar!

José Carlos Ary dos Santos

terça-feira, janeiro 17, 2006

Esquecimento total...


Como previsto as condições atmosféricas procedem ao desmantelamento do CP Valour. Segundo informações cedidas pelos Vigilantes da Natureza, o estado de degradação do navio e da sua carga, agravou-se no último fim de semana. O número total de contentores caídos à água até ontem passou para 11.
(Fonte: DOP)

domingo, janeiro 15, 2006

Luar de Janeiro

Prainha e Stº Amaro




sexta-feira, janeiro 13, 2006

Que futuro para o Rural ?



(cantaria que sobreviveu ao "enterro" e "aterro")
Não se aprendeu com os erros da reconstrução de 1973, no Pico e de 1980, na Terceira? Porque se comentem novamente em 1998, no Faial?

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Que futuro para o Rural ?


Nas ilhas Açorianas, a ruralidade é um elemento, relativamente constante na paisagem. O seu desaparecimento, por razões naturais, económicas, sociais e culturais começa a ser evidente.

Penso ser importante, não descurar estes espaços integrados, expectantes e degradados, que são o nosso Património edificado, a nossa história, os nossos valores, tradições...

MOPTA 2004/2006

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Fado Português

O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

Ai, que lindeza tamanha,
meu chão, meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.

Na boca de um marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.

Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
Que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.

Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro veleiro
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.


José Régio

O Pico do Pico



Oferta para a minha amiga Fátima, que está sempre a "suspirar" pelos Açores

Pôr do sol


No canal Pico- Faial

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Presente "envenenado"




Visitei-o no fim de semana, estava só, abandonado, sob o olhar atento e crítico de alguns mirones, esperando pacientemente que uma valente nortada, que tarda em surgir, resolva o problema, pondo fim aos seus dias.

A Torre



É sempre bela a "minha" torre ! Pois, o fim de semana foi nas raízes


domingo, janeiro 08, 2006

Os Dragoeiros ...da minha infância




Jardim Florêncio Terra ou Jardim Público - Horta - Faial

Já foram quatro dragoeiros, hoje são três...


sexta-feira, janeiro 06, 2006

ILHAS



Nível do mar deveria descer e não subir

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Vento na Ilha

O vento é um cavalo:
ouve como ele corre
pelo mar, pelo céu.

Quer me levar: escuta
como ele corre o mundo
para me levar longe.

Esconde-me em teus braços
por esta noite erma,
enquanto a chuva rompe
contra o mar e a terra
sua boca inumerável.

Escuta como o vento
me chama galopando
para levar-me longe.

Como tua fronte na minha,
tua boca em minha boca,
atados nossos corpos
ao amor que nos queima,
deixa que o vento passe
sem que possa levar-me.

Deixa que o vento corra
coroado de espuma,
que me chame e me busque
galopando na sombra,
enquanto eu, protegido
sob teus grandes olhos,
por esta noite só
descansarei, meu amor.


Pablo Neruda

(Traduçãode Tiago de Mello)

Moinhos de Vento

(Ilha do Pico)



(Ilha do Faial)

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Composição

E é sempre a chuva
nos desertos sem guarda-chuva,
e a cicatriz, percebe-se, no muro nu.

E são dissolvidos fragmentos de estuque
e o pó das demolições de tudo
que atravanca o disforme país futuro.
Débil, nas ramas, o socorro do imbu.
Pinga, no desarvorado campo nu.

Onde vivemos é água. O sono, úmido,
em urnas desoladas. Já se entornam,
fungidas, na corrente, as coisas caras
que eram pura delícia, hoje carvão.

O mais é barro, sem esperança de escultura.


Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, janeiro 03, 2006

Morro de Castelo Branco


(visto do Pico. Candelária)

segunda-feira, janeiro 02, 2006

VINICIUS de MORAES

A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflecte. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o património de todos, e, encerrado em seu duplo pivilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.