Ilhas do mar

sábado, dezembro 31, 2005

Vamos cantar as janeiras

Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro
Vamos às raparigas solteiras
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra
Vamos cantar orvalhadas
Po esses quintais adentro
Vamos às raparigas casadas
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas, pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdido~
Foi-se embora o vento norte
Já nos cansa tanta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura
Pam-pararan-ri-ri
Pam-pararan-ri-ri
Pam, pam, pam, pam.


Zeca Afonso

Pôr do sol

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Dragoeiro



"São lindos e misteriosos"

Saudade Dada

Em horas inda louras, lindas
Clorindas e Belindas, brandas,
Brincam no tempo das berlindas,
As vindas vendo das varandas.
De onde ouvem vir a rir as vindas
Fitam a fio as frias bandas.

Mas em torno à tarde se entorna
A atordoar o ar que arde
Que a eterna tarde já não torna !
E em tom de atordoada todo o alarde
De adornado ardor transtorna
No ar de torpor da tarda tarde.

E há nevoentos desencantos
Dos encantos dos pensamentos
Nos santos lentos dos recantos
Dos bentos cantos dos conventos...
Prantos de intentos. lentos, tantos
Que encantam os atentos ventos.

Fernando Pessoa

(E encanta... esta doce melodia dos sons das palavras...)

Derrame de combustíveis no mar

· Derrame de combustíveis no mar
A forma lenta, desadequada e sem meios que tem caracterizado a intervenção relativa ao cargueiro "CP Valour" encalhado na ilha do Faial, revela o risco que corre a extensa Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa. A ZEE portuguesa possui uma dimensão 18 vezes superior à área terrestre do país e constitui um local de passagem para uma grande quantidade de navios, muitos dos quais transportando produtos perigosos, nomeadamente hidrocarbonetos. A ausência de mecanismos de fiscalização e intervenção adequados à dimensão do mar português deixa o nosso país à mercê de um elevado risco de ocorrência de incidentes ou práticas ilegais capazes de provocar graves situações de poluição marinha. O próximo ano será novamente caracterizado pela ausência de navios de combate à poluição e escassez de outros meios, nomeadamente de meios adequados de vigilância aérea e de patrulhamento marítimo, deixando à mercê do acaso a ocorrência e as consequências de um derrame de produtos perigosos.

Lisboa, 28 de Dezembro de 2005
A Direcção Nacional da Quercus- Associação Nacional de Conservação da Natureza

quarta-feira, dezembro 28, 2005

O acidente do PC Valour e a Lei

A decisão foi comunidada, volvidas várias semanas de expectativa, muita preocupação com a limpeza da praia, importante sem dúvida, contudo, no noticiário um jovem dizia"vai levar muitos anos para que volte a ser a mesma praia".
Não me apercebi, talvez por distração minha, nenhuma referência tem sido feita em relação ao Direito do Ambiente, consagrado na Constituição da República Portuguesa, no artigo 66º, na Lei de Bases do Ambiente...
Os princípios do Direito do Ambiente estão expressos ou implicitamente consagrados na lei, destantacando-se: o príncipio da prevenção, o príncipio da correcção, o princípio da precaução, o príncipio do poluidor -pagador (estabelece que os danos ambientais devem ser suportados pelos poluidores e não pelos contribuintes), o príncipio da integração, da participação, da cooperação internacional...
Será que este acidente ,não tem de facto, nenhum dano ambiental ? Estamos todos tão seguros ? Terá servido para nos equiparmos numa situação idêntica? Ou, acontece só aos outros?

terça-feira, dezembro 27, 2005

Lição sobre a água

Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas a vapor.

É bom dissolvente.
Embora com excepções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, ácidos, base e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.

Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.


António Gedeão

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Dragoeiro

Museu do Vinho - Pico

Dragoeiro, nome popular da espécie Dracaena draco L., planta originária da Macaronésia.É comum nos arquipélagos atlânticos das Canárias, Madeira e Açores, atingindo centenas de anos e produzindo árvores de grandes dimensões.

Nos Açores os dragoeiros são comuns a baixa altitude, existindo alguns exemplares famosos nas imediações do Museu do Vinho, Madalena, formando um bosque de dragoeiros centenário (alguns exemplares são anteriores ao povoamento das ilhas).

Deveriam ser clasificados por Decreto Regional


CP VALOUR veio para ficar....


"...Faltam no navio dois contentores. Na praia foram encontradas madeiras de paletes e pedaços de plásticos. Há mais manchas de IFO 380 no mar... "

Fonte : Comunicado da marinha

Volvidos dezassete dias, confirma-se o que inicialmente se previa, O CP Valour vai ficar a poluir e a causar perigos à navegação, junto ao Faial.

domingo, dezembro 25, 2005

Caboqueiros e Calceteiros

Quis sobretudo ser franco,
Fala aberto coração !
Trabalho a preto e branco,
Sou um ourives do chão.

Bairrada, Eduardo Martins, Empedrados Artísticos de Lisboa (A Arte da Calçada-Mosaico)

Os passeios em calçada portuguesa da "minha" terra



Ladrilho da rua (6)

Florão e ouro vazado com pérola

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Bom fim de semana





Amanhã, atravesso o canal, vou para junto da "minha"torre.

Desejo a todos um ótpimo fim de semana.

Volto para a semana




(a foto é de um amigo, não pedi autorização para publicar,espero não ter sido inconveniente)











Uma prenda para bordadodemurmurios




(este Plátano guarda algumas cores do Outono, o Inverno chegou de mansinho e tem ainda poucas horas)

Uma prenda para um admirador de azulejo


(Sevilha)

Uma prenda para um coleccionador de nuvens


(cumulonimbo)

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Já Bocage não sou!...Á cova escura

Já Bocage não sou!...Á cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa!... Tivera algum merecimento,
Se um raio da razão seguisse, pura !

Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fntástico corria:

Outro Aretino fui... A santidade
Manchei !... Oh ! se me creste, gente impia,
Rasga meus versos, crê na eternidade !

Bocage

Da minha janela...


Vejo a lua nascer


terça-feira, dezembro 20, 2005

Luar



Toma-me ó noite em teus jardins suspensos
Em teus pátios de luar e de silêncio
Em teus adros de vento e de vazio.

Noite
Bagdad debruçada no teu rio
País dos brilhos e do esquecimento
Com teu rumor de cedros e teu lento
Círculo azul do tempo.

Sophia de Mello Breyner

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Cedro do mato



(Endémica dos Açores)

Arbusto alto ou pequena árvore com uma copa alargada e geralmente de tronco retorcido, encontra-se acima dos 500 metros, podendo no Pico encontrar-se aos 1500 metros de altitude. O J.brevifolia é um elemento típico da floresta da zona-de-nuvens nativa dos Açores. O Juniperus açoriano, foi sucessivamente sendo cortado, pelo que, populações com uma certa dimensão são bastante raras no arquipélago.Existem restrições quanto ao corte destes exemplares.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

caranguejos moribundos...



O Mar




O Mar

em José Gomes Ferreira


Com o Mar...



Com o mar,
as curvas das ondas
e o dorso dum peixe ao luar
fiz uma deusa
que criou o mar.


(E depois deitei-me ao comprido
com o mistério resolvido.)




quarta-feira, dezembro 14, 2005

Ainda o navio encalhado...



Há possibilidade do fuel-óleo poder deslocar-se para Norte do Faial e ilha de S.Jorge. De acordo com as previsões meteorológicas, o combustível será transportado para Oeste. Com base nas previsões actuais, a situação pode agravar-se, havendo uma rápida dispersão pelas correntes de maré. Largas áreas poderão vir a ser contaminadas, incluindo Velas, S.Roque, Madalena e Horta.

( Fonte: DOP)

terça-feira, dezembro 13, 2005

Segredo



A poesia é incomunicável.
Fique torto no seu canto.
Não ame.

Ouço dizer que há tiroteio
ao alcance do nosso corpo.
É a revolução? o amor?
Não diga nada.

Tudo é possível, só eu impossível.
O mar transborda de peixes.
Há homens que andam no mar
como se andassem na rua.
Não conte.

Suponha que um anjo de fogo
varresse a face da terra
e os homens sacrificados
pedissem perdão.
Não peça


Carlos Drummond de Andrade

Navio encalha no Faial



porta-contentores "CP Valour" que encalhou dia 9/12 à noite junto à baía da Ribeira das Cabras, a cerca de meia milha náutica da costa norte da ilha do Faial, perto do Sítio de Interesse Comunitário do Farol dos Capelinhos.

domingo, dezembro 11, 2005

Lagoa

Estado actual...


(Lagoa do Caiado)

Ilha do Pico

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Para o meu coração...



Para o meu coração basta o teu peito,
para a tua liberdade as minhas asas.
Da minha boca chegará até ao céu
o que dormia sobre a sua alma.

És em ti a ilusão de cada dia.
Como o orvalho chegou às corolas.
Minas o horizonte com a tua ausência.
Eternamente em fuga como a onda.

Eu disse que no vento ias cantado
como os pinheiros e como os mastros.
Como eles tu és alta e taciturna.
E ficas logo triste, como uma viagem.

Acolhedora como um velho caminho.
Povoam-te ecos e vozes nostálgicas.
Eu acordei e às vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam na tua alma.


PABLO NERUDA

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Chaminé



(Alçado de uma casa rural tradicional, forno exterior e chaminé)

Ilha do Pico

segunda-feira, dezembro 05, 2005



Alta na sombra a crita de agapantos,
Langue no lago a lua é uma sonata.
Vergam-se ao sono as rosas. Os amantes
Passeiam no jardim com pés de prata.

No repuxo chilreiam sons remotos.
Vultos de fumo expiram sob os plátanos.
Tudo se afasta. Uma elegia. Os mortos
Vêm buscar as flores que nos deixaram.

Cala-se o tempo. O amor procura
A sua estrela que caiu na relva.
Tudo se afasta. É estranhamente pura
A sensação de estarmos sós na terra.


Natália Correia

domingo, dezembro 04, 2005

Flores



( Camélia ou "Rosa do Japão")