Ilhas do mar

segunda-feira, outubro 31, 2005

Um pátio




<< Não sei das forças da noite
Nem dançarei com bruxas em louvor de Dyónisos
Irei a Delfos celebrar Apolo

Em campo aberto cantei
Por um país de luz
Amei o jogo e a corrida
A graça o vinho o vento o mar azul

Procuro um pátio de sombra e sol
Voltado para o sul >>


( do Manuel Alegre )

domingo, outubro 30, 2005

O PAÍS SEM MAL

Um etnólogo diz ter encontrado
Entre selvas e rios depois de longa busca
Uma tribo de índios errantes
Exautos exauridos semimortos
Pois tinham partido desde há longos anos
Percorrendo florestas desertos e campinas
Subindo e decendo montanhas e colinas
Atravessando rios
Em busca do país sem mal -
Como os revolucionários do meu tempo
Nada tinham encontrado



( Sophia de Mello Breyner Andresen )

sábado, outubro 29, 2005

em " O Guardador de Rebanhos"




Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...


Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de
[todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos
[podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.




( ALBERTO CAEIRO )

Portão do Passal


( Freguesia de StºAntónio - Ilha do Pico)

quinta-feira, outubro 27, 2005

Bichanos (2)



quarta-feira, outubro 26, 2005

Anto





Caprichos de lilás, febres esguias,
Enlevos de Ópio - Íris-abandono...
Saudades de luar, timbre de Outono,
Cristal de essências langues, fugidias...

O pagem débil das ternuras de cetim,
O friorento das carícias magoadas;
O príncipe das Ilhas transtornadas -
Senhor feudal das Torres de marfim...


Mário de Sá - Carneiro

terça-feira, outubro 25, 2005

Praia de calhau rolado



Praínha - Pico

Deixou de ser uma linda praia de calhau rolado. Estão construindo uma "estrada"

quarta-feira, outubro 19, 2005

No Golfo de Corinto



No Golfo de Corinto
A respiração dos deuses é visível:
É um arco um halo uma nuvem
Em redor das montanhas e das ilhas
Como um céu mais intenso e deslumbrado

E também o cheiro dos deuses invade as estradas
É um cheiro a resina a mel e a fruta
Onde se desenham grandes corpos lisos e brilhantes
Sem dor sem suor sem pranto
Sem a menor ruga de tempo

E uma luz cor de amora no poente se espelha
É o sangue dos deuses imortal e secreto
Que se une ao nosso sangue e com ele batalha


Sophia de Mello Breyner Andresen



terça-feira, outubro 18, 2005

Rocha dos Bordões



"Fenómeno" Geológico muito curioso ( Ilha das Flores)



segunda-feira, outubro 17, 2005

Casa rural tradicional


Muita rara, a cozinha é separada da casa por uma «meia água»
(Ilha do Pico)

domingo, outubro 16, 2005

Ébrio de terebintina...


Ébrio de terebintina e longos beijos,
estival, o veleiro das rosas eu dirijo,
dobrado para a morte do finíssimo dia,
cimentado no sólido frenesi marinho.

Pálido e amarrado à minha água devorante
passo no azedo cheiro do clima descoberto,
vestido ainda de cinzento e sons amargos,
e uma cimeira triste de abandonada espuma.

Vou, duro de paixões, montado na minha onda única,
lunar, solar, ardente e frio, repentino,
adormecido na garganta das afortunadas
ilhas brancas e doces como nádegas frescas.

Treme na húmida noite o meu vestido de beijos
loucamente carregado de eléctricas gestões,
de modo heróico dividido em sonhos
e embriagadoras rosas exercitando-se em mim.

( Pablo Neruda )

sábado, outubro 15, 2005

Os passeios em calçada portuguesa da "minha" terra


Adro da Igreja de Santo António
(Ilha do Pico)

quinta-feira, outubro 13, 2005

Vulcão



Ao redor da lagoa chão de lava
Mas límpida a coluna do pescoço
Os gritos que darás ainda os ouço
Era por ti de noite que eu chamava

E rodavam as ilhas e rodava
o desejo na fome de um só poço
à vista das crateras que alvoroço
na lava desta insónia que as não grava

Antes que o sono venha e me retome
ou que um sono maior me estanda a rede
ouve bem ouve bem o que te digo

É só de água afinal que tenho fome
Só de lava não mais que sinto sede
Que vigília infernal sonhar contigo


( David Mourão Ferreira )

terça-feira, outubro 11, 2005

Vaquinhas


Estas não são açorianas

domingo, outubro 09, 2005

Torre


(A minha torre)

Soneto do Trabalho



Das prensas dos martelos das bigornas
das foices dos arados das charruas
das alfaias dos cascos e das dornas
é que nasce a cançaõ que anda nas ruas.

Um povo não é livre em águas mornas
não se abre a liberdade com gazuas
à força do teu braço é que transformas
as fábricas e as terras que são tuas.

Abre os olhos e vê. Sê vigilante
a reacção não passará diante
do teu punho fechado contra o medo.

Levanta-te meu Povo. Não é tarde.
Agora é que o mar canta é que o sol arde
pois quando o povo acorda é sempre cedo.


( José Carlos Ary dos Santos )

sábado, outubro 08, 2005

Balada de Outono para Zeca Afonso



Uma noite um adeus sono vazio
água das fontes choups laranjais
as palavras levadas pelo rio
ó ribeiras chorai não mais não mais.

Ó ribeiras calai-vos anjo negro
cavaleiros vampiros rosa fria.
As palavras caíam no Mondego
era Outono e só ele se despedia.

Partir para Marrocos ou Turquia
embarcar na falua de Istambul
dobrar o cabo da melancolia
partir partir partir mais para o sul.

Ouve Zeca Afonso: e a cantoria?
- Preciso de partir para outro fado.
E havia em sua voz o que só havia
do outro lado.

Havia Bensafrim e a hospedaria
um redondo vocábulo e um sino.
As bruxas. Mafarricas. Alquimia
para mudar o canto e o destino.

Por isso aquela noite sem saber
era outra a canção que lhe nascia.
Havia em sua voz uma estátua a arder
e Grândola era o país que não havia.

O calor de mais cinco e da amizade.
S. Francisco de Assis: voz companheira
para levar aos pobres de cidade
uma canção à sombra da azinheira.


( Manuel Alegre )

sexta-feira, outubro 07, 2005

Azul

Lagoa do Caiado

(Ilha do Pico)

Os passeios em calçada portuguesa da minha terra


Ladrilhos da rua (3)


Rua abaixo, rua acima,
Onde é que esta rua deita?
Pró caminho dos amores
Que é sempre estrada direita

(Cancioneiro Faialense)

quinta-feira, outubro 06, 2005

Bichanos



quarta-feira, outubro 05, 2005

De noite


De noite, quando a pêndula do amor oscila
entre Sempre e Nunca
a tua palavra vai juntar-se às luas do coração
e o teu olhar de tempestade
azul oferece à Terra o céu.

De longínquo, de enegrecido de sonho
bosque nos bafeja o exalado,
e o perdido vagueia, grande como os espectors do futuro.

O que agora se abaixa ou se levanta,
pertence ao que está sepultado no mais íntimo:
cego como o olhar que trocamos,
beija o tempo na boca.


Paul Celan - Versão Portuguesa de Paulo Quintela

Nuvem



terça-feira, outubro 04, 2005

As ilhas



Navegámos para Oriente -
A longa costa
Era de um verde espesso e sonolento

Um verde imóvel sob o nenhum vento
Até à branca praia cor de rosas
Tocada pelas águas transparentes

Então surgiram as ilhas luminosas
De um azul tão puro e tão violento
Que excedia o fulgor do firmamento
Navegado por garças milagrosas

E extinguiram-se em nós memória e tempo



Sophia

segunda-feira, outubro 03, 2005

Poço do Bacalhau



( Fajã Grande - Ilha das Flores)

domingo, outubro 02, 2005

Juegas todos los días...



Juegas todos los días con la luz del universo.
Sutil visitadora, ilegas en la flor Y en el agua.
Eres más que esta blanca cabecita que aprieto
como un racimo entre mis manos cada día.

A nadie te pareces desde que yo te amo.
Déjame tenderte entre guirnaldas amarillas.
Quién escribe tu nombre con letras de humo entre las estrellas del sur?
Ah déjame recordarte cómo eras entonces, cuando aún no existías.

De pronto el viento aúlla y golpa mi ventana cerrada.
El ciel es una red cuajada de peces sombríos.
Aquí vienen a dar todos los vientos, todos.
Se desviste la lluvia.



Pablo Neruda



sábado, outubro 01, 2005

Os passeios em calçada portuguesa da minha terra



"Ladrilhos da rua" 2

Espinhos ou Dentes de Serra